segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O que é a Psoríase? e como posso trata-la?


A psoríase é uma doença não contagiosa que envolve muitos genes, por isso conhecida como multigênica. De caráter inflamatório crônica, se expressa na pele, e pode se manifestar de diferentes formas clínicas e diferentes graus de intensidades, em diferentes faixas etárias, cujas causas ainda não estão completamente esclarecidas, muito embora se saiba estar relacionadas à transmissão genética e que necessita de fatores desencadeantes para o seu surgimento ou a sua piora.
Fenômenos emocionais são freqüentemente relacionados com o seu surgimento ou sua agravação, provavelmente atuando como fatores desencadeantes de uma predisposição genética para a doença. Entre esses fatores, pontua-se o fumo, o uso do álcool, a alimentação, as drogas, o estresse, a exposição excessiva ao sol, algumas doenças como o diabetes não controlada, surtos infecciosos, e uso de alguns medicamentos são fontes que contribuem para desencadeá-lo o processo inflamatório, principalmente no inverno.
As manifestações clínicas das lesões são muito típicas, com períodos de exacerbações e remissões, localizados principalmente em superfícies de extensão como joelhos e cotovelos, couro cabeludo, palmas das mãos, sola dos pés (áreas de maior traumatismo).
Pode apresentar-se de várias maneiras, desde formas mínimas, com pouquíssimas lesões, até a psoríase eritrodérmica, na qual toda a pele está comprometida. A forma mais freqüente de apresentação é a psoríase em placas, caracterizada pelo surgimento de lesões avermelhadas e descamativas na pele, bem limitadas e de evolução crônica. A psoríase em placas, em geral, se apresenta com poucas lesões, mas, em alguns casos, estas podem ser numerosas e atingir grandes áreas do corpo.
Por serem lesões secas, as escamas da psoríase podem se tornar grossas e esbranquiçadas e as localizações mais freqüentes são os cotovelos, joelhos, couro cabeludo e tronco.
Outro fator importante relacionado à psoríase é a presença de estresse oxidativo e formação elevada de radicais livres. Independente das atividades da doença, pacientes com psoríase tendem a apresentar um perfil lipídico sanguíneo desfavorável, com aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos, e menores níveis de betacaroteno, vitamina A e E no sangue, indicando a associação da
doença com estresse oxidativo e risco cardiovascular, condições que aumentam a inflamação sistêmica.
A introdução de uma dieta rica em nutrientes antioxidantes e antiinflamatórios é fundamental. Uma dieta vegetariana pode favorecer os pacientes com psoríase, devido à ingestão diminuída de ácido araquidônico (um ácido graxo poliinsaturado da família ômega-6), com conseqüente redução na formação de seus mediadores inflamatórios. Esse ácido graxo pode ser substituído por outro; o ácido eicosapentaenóico (EPA - ácido graxo poliinsaturado da família ômega-3), que utiliza as mesmas vias de metabolização.
Segundo estudos científicos, a suplementação oral ou parenteral com o ácido graxo ômega-3, em pacientes hospitalizados, foi benéfica em relação à diminuição das lesões cutâneas causadas pela psoríase. A ingestão de alimentos ricos em beta-caroteno (como cenoura, manga e abóbora), alfa-tocoferol (como nozes, sementes e óleos vegetais) e selênio (como a castanha do Pará, frutos do mar,aves,carnes vermelhas,grãos) deve ser incentivada, visto que tais nutrientes encontram-se diminuídos nestes pacientes.
O consumo de fibras vai ajudar no controle dos lipídios sanguíneos. O consumo de frutas, vegetais e produtos integrais, além de oferecer fibras, fornecem compostos bioativos e vitaminas com propriedades antioxidantes, importante para o controle do estresse oxidativo, e outras funções mais específicas.
A vitamina A desempenha papel no controle da proliferação e diferenciação celular e do processo de queratinização. Já a vitamina E protege os lipídios sanguíneos de sofrerem oxidação e conseqüentemente ativarem o sistema imune e inflamação sistêmica. Não existe consenso quanto à suplementação dessas vitaminas para tratar a psoríase, mas a dieta pode ser enriquecida com tais fontes alimentares para um aporte vitamínico equilibrado, evitando assim complicações na patologia.
A suplementação oral de vitamina D e de ácido fólico também pode ser opção terapêutica aos pacientes com psoríase. A vitamina D possui propriedades imunorregulatórias e antiproliferativas; e o ácido fólico reduz os efeitos tóxicos dos medicamentos utilizados no tratamento e, ainda, diminui os níveis de homocisteína (um aminoácido sintetizado pelo organismo que, se não for corretamente metabolizado, contribui para o desenvolvimento de aterosclerose), que muitas vezes encontra-se elevado nestes pacientes.

Somos formados por trilhões de células que formam os tecidos que, por sua vez, formam os órgãos, que, finalmente, compõem os aparelhos e sistemas do organismo humano. Cada célula do nosso corpo é uma unidade viva que depende, para o seu funcionamento pleno, de determinados nutrientes, em doses que variam de pessoa para pessoa, dependendo de suas características genéticas. 
A Nutrição Funcional é uma maneira dinâmica de abordar, prevenir e tratar desordens crônicas complexas através da detecção e correção dos desequilíbrios que geram as doenças. Estes desequilíbrios ocorrem devido à inadequação da qualidade da nossa alimentação, do ar que respiramos, da água que bebemos, dos exercícios (a mais ou a menos) e alterações emocionais que passamos.


** Texto elaborado pela Nutricionista Mônica Metzgerlang Teixeira Costa, aluna do curso de Pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Consultoria Nutricional/ Divisão Ensino e Pesquisa. 
Parte da introdução da Monografia apresentada pela mesma no curso superior de Nutrição no ano de  2010/1. 

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